sábado, 5 de maio de 2018

Breves notas sobre a reforma litúrgica e a decadência da Igreja

            Com o Concílio Vaticano II, contaminada pelo Modernismo que já havia sido condenado pelo Papa Pio X (Pascendi Domini Gregis), parte da Igreja deixou de ser mãe e mestra.

De mãos dadas, quis caminhar com o mundo e o mundano; mas, para fazê-lo, teria de desculpar-se com os humanistas, aqueles que se preocupam com os pobres e aspiram à fraternidade entre todos os homens, os Robespierres da ocasião.

E veio a fazê-lo.

Suplicou perdão para que seus algozes, os sucessores intelectuais e morais dos revolucionários de outrora e de sempre – os quais, num passado não muito distante, haviam cortado a cabeça de padres, freiras e leigos na Espanha, no México e em França, para citar os casos mais conhecidos – suplicou perdão pelos crimes reais ou imaginários praticados por alguns de seus membros.

De João XXIII até João Paulo II, nenhum dos papas deixou de desculpar-se. Ora com uns, ora com outros. Fizeram-no sempre, demonstrando embaraço pelos pecados de alguns filhos da Igreja. Ainda que não existisse nada, senão a maledicente fumaça dos que incensam a Baal! Mesmo que crime qualquer houvesse acontecido, como no paradigmático caso Galileu, as desculpas eram necessárias. Quase uma obrigação imposta ao Sumo Pontífice.

Para agradar ao mundo, o Papa teria de recriminar algo feito pela Igreja. E se culpa inexistisse, que fossem assumidos delitos criados pela fantasiosa imaginação dos inimigos dela, dos adversários de Deus.

E os papas o fizeram.

Fizeram-no todos, e todos com semblante envergonhado. Cabisbaixos, acomodavam seus pescoços nas guilhotinas cujas cordas eles próprios puxariam.

Isso não seria suficiente, todavia. O mundo queria mais. Queria algo maior! As desculpas não saciaram a sede dos sempre sedentos lobos do niilista Século XX.

Para apaziguar os amigos dos homens, mas inimigos do Homem, a Igreja, a parte contaminada dela, teria de ir além. Teria de renegar seu passado de esplendor e glória.

E o que mais a distinguia do mundo? O que a tornava sublime? O que atraia a todos pela beleza?

Sua liturgia! Sem dúvida: sua liturgia!

E eis que o novel santo Paulo VI tenta pôr cobro à Missa Católica!

Torna-a palatável ao homem comum, dizem os defensores da mudança, canonicamente impensável alteração litúrgica.

E o resultado está aí, a olhos vistos! Prédios vazios frequentados por algumas poucas pessoas esvaziadas do sentido do sobrenatural, esvaziadas do Belo e do Bom.

Mas Deus é amor! Por um de seus tortuosos caminhos, faz surgir espantosamente um Papa tímido e tíbio, guiado pelo Espírito Santo que às vezes parece abandonar seus filhos. Bento XVI tenta deixar um pouco de lado o mundo para fazer as pazes da Igreja com ela própria, com seu esplendoroso e rico passado, trazendo de volta a imutável liturgia de São Pio V aos altares católicos.


Só que ao trazê-la de volta, ao facultar a celebração da Missa de São Pio V, provoca a alcateia. Enfurece os lobos. E os lobos não descansam. Trabalham incessantemente para que a Igreja continue a andar de mãos dadas com o mundo e o mundano, ainda que sabidamente o faça voltando as costas para Deus.

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