segunda-feira, 26 de julho de 2021

Sobre o Motu Proprio Traditiones Custodes

A mim mesmo havia prometido que não mais me manifestaria sobre o papado de Francisco. Descumpro minha promessa. O Motu Proprio Traditiones Custodes fez-me mudar de ideia.


Sobre tal Motu Proprio, em si mesmo considerado, não há muito o que criticar além do que já fizeram padres, bispos e cardeais. Trata-se de um amontoado de contradições com as quais o Papa Francisco tenta justificar a decisão por meio da qual ele batiza a nova Igreja, nascida no Concílio Vaticano II, com a determinação para que a Missa não mais seja rezada como o foi desde o princípio. Talvez ele realmente pense que está reformando a Igreja, tal qual São Francisco o fez depois de receber essa ordem diretamente do Cristo crucificado! Só que a reforma de Francisco, o Papa, sequer deixa a mais forte pilastra da Igreja em pé! Ele a derruba agora!


Depois desse Motu Proprio, e é apenas isto o que quero dizer, não há mais espaço para a tão sonhada hermenêutica da continuidade, aquela linha de pensamento segundo a qual o Concílio Vaticano II haveria de ser lido como a continuação do magistério da Igreja!


Ao impedir que seja celebrada a Missa, tal qual a Igreja Católica o fez por dois mil anos, obrigando a todos que comunguem da missa cerebrina e humanizada (porque integralmente humanista) inventada a pedido de Paulo VI, o Papa Francisco extingue a ligação que havia entre a Igreja conciliar e a Católica! Penso que a Igreja conciliar ainda subsistia (para usar uma palavra do Concílio) nas pilastras da Católica, das quais a mais forte era a Missa! Arrancada agora.


De fato, Francisco disse claramente: só há espaço para a Igreja conciliar! Talvez nessa Igreja nova só caibam as celebrações eucarísticas(?) festivas, cheias de invenções e vazias de Deus. Aquele a quem os católicos buscam no sacrifício do altar! Para esses católicos, péssimos porque insubordinados, não há espaço na nova Igreja!


Restaria saber se, depois desse Motu Proprio, ainda teríamos uma Igreja Católica. Como não podemos duvidar que ainda a há, porque o próprio Cristo prometeu que a teríamos até o fim dos tempos, a pergunta correta a se fazer é se ela ainda está em Roma.