sábado, 30 de dezembro de 2023

Para que servirá a Reforma Tributária?

  Depois da queda do muro de Berlim, inocentemente se pensou que as democracias ocidentais se espalhariam como um rastilho de pólvora. Seria o fim da história. No entanto, passados mais de trinta anos, o mundo parece bem mais complexo do que a doce antevisão de outrora havia sinalizado.


Exsurgiram enormes diferenças que foram ocultadas pela Guerra Fria. Civilizações e países que trabalhavam calados, à sombra das duas potências que atraiam todas as atenções, passaram a ser vistos. E o foram da pior maneira possível, com ataques terroristas, guerras de ocupação, piratas modernos, eleições manipuladas e todas as trapaças comerciais das quais as potenciais ocidentais pensaram ter-se livrado com o fim da URSS.


Nesse novo contexto mundial, o Brasil mais uma vez caiu nas mãos de ideólogos de esquerda que não veem a democracia ocidental como um valor em si, mas como um empecilho que haverá de ser transposto para que se perpetuem no poder. E isso unido a uma classe política tradicionalmente focada só nos mais mesquinhos interesses imediatos, permitiu que, no campo externo, o Brasil se juntasse a todos os que aspiram ao fim da civilização ocidental, como é o caso do Irã, da China, da Arábia Saudita e outros tantos. E, internamente, sem peias nem freios, fossem subjugadas as vontades e os anseios populares para que um novo regime político se instalasse. E uma das maneiras que será utilizada para se atingir tal finalidade é aquela sobre a qual me manifestarei aqui.


A reforma tributária, tal qual aprovada, além de todos os problemas técnicos que acarretará, dentre os quais se destaca o aumento absurdo da carga tributária que haverá de ser paga pela malta, implicará necessária e obrigatoriamente o fim da federação como concebida pela Constituição de 1988.


Os Estados e os Municípios perderão a capacidade de instituir e administrar a arrecadação dos tributos que hoje ainda os mantêm, mal e porcamente, e passarão a simplesmente receber uma parcela do montante a ser recolhido exclusivamente pela União. Ou, em palavras mais simples: os prefeitos e governadores serão meros prepostos locais das vontades de Brasília.


Essa concentração dos Poderes Político e Econômico em Brasília, junção que decorre da vontade daqueles que não têm qualquer apreço pela descentralização hoje vigente, fará com que o Brasil se transmude de um estado (quase) federado num unitário, em que os interesses locais não serão mais resolvidos pelas pessoas que vivem nas cidades e nos Estados, mas por aqueles que estarão sentados nas cadeiras da capital federal.


Se esse cenário interno fosse analisado em conjunto com o externo, com a união do Brasil com os países que são considerados os párias do mundo justamente porque detêm mãos de ferro para controlar seus cidadãos, poder-se-ia entrever que a reforma tributária servirá a interesses outros, que não a simplificação do complexo sistema tributário atualmente em vigor, com a centralização do Poder nas mãos da elite de um partido que vê a sociedade atual como um estágio a ser vencido para que sobrevenha um admirável mundo novo. Um no qual todos são iguais, mas uns mais iguais que os outros.