terça-feira, 24 de março de 2020

Os tributos e a engenharia social

Quando vejo alguns servidores públicos, dos mais mais bem remunerados do Brasil, sugerirem que se criem ou aumentem tributos, percebo que não é uma luta por justiça social ou algo parecido. É uma luta insana por mais poder.
De fato, quando se transfere dinheiro do bolso das pessoas comuns para os do Estado, na verdade se transfere não apenas o vil metal, mas a capacidade toda de organizar a vida social, concedendo ao estabelecimento burocrático o meio atualmente mais eficaz para fazê-lo: o dinheiro.
O dinheiro é o instrumento mais útil e silencioso que o Estado tem para determinar o que as pessoas podem ou não fazer. Ele poderia, como em alguns países socialistas, simplesmente decidir quem vive e quem morre; mas os estampidos dos fuzis hoje em dia não soariam bem, graças à liberdade que reina principalmente nos meios de comunicação que AINDA não são regrados. Então resta a manipulação do dinheiro. E quanto mais dinheiro nas burras do Estado, menos liberdade para os cidadãos. Com o dinheiro concentrado em suas mãos, o Estado pode determinar como as pessoas se comportam. Se do jeito como querem os burocratas, recebem tais ou quais benefícios. Se caminharem por outras sendas, os rebeldes merecem tais ou quais penalidades pecuniárias.
Não por outra razão, os Estados totalitários, todos eles têm a mesma característica: uma economia concentrada no próprio Estado!
Logo, esses servidores públicos, quando pedem que as pessoas comuns sejam massacradas por novos tributos, na verdade aspiram a manter-se no topo da cadeia alimentar do Poder. Buscam só e simplesmente exercer mais e mais seu arbítrio, pois se consideram os escolhidos, os mais capazes de organizar a sociedade. No fundo, são os velhos iluministas de sempre: aqueles que desconfiam do povo, do seu Joaquim e da dona Maria, e querem porque querem determinar como se há de viver, sempre de acordo com o mundo ideal que têm em mente, a despeito da vontade das pessoas reais, essas de carne e osso que andam por aí.
Ps. Claro que há quem, de boa-fé, creia que deveríamos criar esse ou aumentar aquele tributo. Evidentemente não é a esses que dirijo o texto.

Um comentário:

  1. Bela análise. Nosso problema: no Brasil, o poder do dinheiro concentra-se, majoritariamente, no Governo. Em países mais avançados, ele se concentra na iniciativa privada. Nas mãos dos cidadãos, o poder do dinheiro significa independência e liberdade de escolha em qualquer campo, inclusive o político.

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