Stendhal. Um nome estranho. Pareceu-me muito estranho alguém
chamar-se Stendhal. Com o passar do tempo, descobri que seu nome verdadeiro era
Henrique Maria Beyle; ou Henry-Marie Beyle, como preferiram seus pais
franceses.
Comecei a me interessar pelo autor de nome esquisito depois
que soube que era o ídolo literário de Tomasi di Lampeduza. Como sou fã de
Tomasi de Lampeduza, achei que também o seria de Stendhal.
Não me arrependi de iniciar a leitura de seus livros.
Ainda não terminei a d’A
Cartuxa de Parma, mas, sinceramente, é uma obra excelente, das melhores com
as quais me deparei, em que a vida de personagens fascinantes, como o são quase
todos os que a integram, encontra-se entremeada à política e à vaidade dos
políticos e dos áulicos das cortes de Milão e Parma.
Ao ler sobre um príncipe despótico e desconfiado, que
procura inimigos até embaixo do colchão, sobre os ministros desse príncipe que
se odeiam e tudo fazem para agradar ao soberano, notei uma série de semelhanças
entre as personagens do livro e algumas que conheci no transcorrer da minha
própria vida.
Eis o que é interessante: identificar tipos nos livros de
ficção que poderiam facilmente ser encontrados nas esquinas, ainda que hoje não
tenhamos cortes nem príncipes; mas, mesmo assim e contraditoriamente, haja
muitos cortesãos.
A personagem principal, Fabrício Del Dongo, é um sujeito altivo
e inocente, cujas travessuras o colocam sempre em maus lençóis. Só que ele,
porque nobre e porque amado, livra-se – com certa dificuldade, mas, enfim,
livra-se – dos enroscos em que se mete, sempre o fazendo com charme e com a
ajuda daquela sua parenta que o adora tanto.
Enfim, é uma obra fascinante, passada na Itália à época de
Napoleão. Fase de transição política na qual as monarquias caiam como peças de
um mesmo dominó, cedendo espaço para as repúblicas modernas – nas quais, olha
que interessante!, ainda há príncipes, cortes e cortesãos.
A quem interessar a alta literatura, recomendo vivamente.
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