sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sobre o realismo

“Para nosotros real es lo sensible, lo que ojos e oídos nos van volcando dentro: hemos sido educados por una edad rencorosa que había laminado el universo y echo de él una superfície, una pura apariencia. Cuando buscamos la realidade buscamos las apariencias.” ORTEGA Y GASSET

Há, nas análises literárias de ORTEGA Y GASSET, muito mais do que simples literatura, pois a própria literatura não se limita aos textos dos quais ela é materialmente composta. A literatura é a vida em potência, pois a imaginação dos grandes escritores leva-nos, conduz-nos àquilo que a vida, toda ela, poderá um dia tornar-se, poderá um dia vir a ser.
Não é difícil encontrar em análises literárias algo que possa servir para a vida tal qual ela é, portanto. E a análise comparativa que ORTEGA Y GASSET faz do que era a literatura, especificamente a poesia, para os gregos e o que ela tornou-se para nós, revolucionários ocidentais, mostra-nos o que era a realidade para os gregos e o que é a realidade para nosotros.
A realidade, para os ocidentais de hoje, não é outra coisa senão o sensível, o que é captado por quaisquer dos sentidos. Para os gregos, por outro lado, a realidade é o essencial, o profundo e latente, como bem esclarece o Espanhol.
E o que isso importa, poderia perguntar o mais afoito dos leitores?
Quando abandonamos as essências e o essencial, o profundo e o latente, tornamo-nos iguais aos animais, cuja realidade é formada exclusivamente pelas sensações captadas pelos olhos e ouvidos, pelo tato e pelo gosto.

Eis a decadência na qual vivemos hoje, pois as animalescas manifestações que se veem como se fossem culturais, como se retratassem a cultura popular, outra coisa não são do que o resultado do abandono do essencial, o acolhimento do sensível como se só ele - e exclusivamente ele - captasse o real.

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