“Para
nosotros real es lo sensible, lo que ojos e oídos nos van volcando dentro:
hemos sido educados por una edad rencorosa que había laminado el universo y
echo de él una superfície, una pura apariencia. Cuando buscamos la realidade
buscamos las apariencias.” ORTEGA Y GASSET
Há, nas análises literárias de ORTEGA Y
GASSET, muito mais do que simples literatura, pois a própria literatura não se
limita aos textos dos quais ela é materialmente composta. A literatura é a vida
em potência, pois a imaginação dos grandes escritores leva-nos, conduz-nos
àquilo que a vida, toda ela, poderá um dia tornar-se, poderá um dia vir a ser.
Não é difícil encontrar em análises
literárias algo que possa servir para a vida tal qual ela é, portanto. E a
análise comparativa que ORTEGA Y GASSET faz do que era a literatura,
especificamente a poesia, para os gregos e o que ela tornou-se para nós,
revolucionários ocidentais, mostra-nos o que era a realidade para os gregos e o
que é a realidade para nosotros.
A realidade, para os ocidentais de hoje,
não é outra coisa senão o sensível, o que é captado por quaisquer dos sentidos.
Para os gregos, por outro lado, a realidade é o essencial, o profundo e
latente, como bem esclarece o Espanhol.
E o que isso importa, poderia perguntar o
mais afoito dos leitores?
Quando abandonamos as essências e o
essencial, o profundo e o latente, tornamo-nos iguais aos animais, cuja
realidade é formada exclusivamente pelas sensações captadas pelos olhos e
ouvidos, pelo tato e pelo gosto.
Eis a decadência na qual vivemos hoje,
pois as animalescas manifestações que se veem como se fossem culturais, como se
retratassem a cultura popular, outra coisa não são do que o resultado do
abandono do essencial, o acolhimento do sensível como se só ele - e exclusivamente ele - captasse o real.
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