domingo, 6 de julho de 2014

A Crise da Hipocrisia


Toda e qualquer sociedade é regida por regras de conduta, que nada mais são do que a cristalização dos valores que ela toma para si.
No entanto, é claro que essas regras serão violadas por indivíduos que nem sempre conseguem cumpri-las, ou que simplesmente as desprezam e não nas seguem.
Em sociedades nas quais os valores ainda estão arraigados, os indivíduos que deixam de cumprir as normas procuram esconder as transgressões que cometem, a fim de iludir seus pares, visando à absolvição social.
Esse comportamento, que consiste em ocultar suas falhas, em encobrir seus deslizes, caracteriza o hipócrita.
A despeito de a hipocrisia ser condenável, se for olhada isolada e individualmente, ela sinaliza que determinada sociedade ainda mantém as regras que refletem valores acatados pela maioria das pessoas que a compõem.
Ou seja: a hipocrisia também pode ser vista como a manifestação de que determinada sociedade detém rígidas regras, cuja violação acarreta uma séria reprovação moral.
Mas, em sociedades decadentes, em que não há mais valores por que as pessoas se possam guiar, ou em que as regras deixaram de refletir os valores acolhidos pela maioria, a hipocrisia não mais é necessária. Qualquer comportamento passa a ser aceitável. Qualquer conduta é acolhida como natural.
A escassez da hipocrisia desvela, então, a queda dos valores sociais.

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