Não sei se vivemos dias mais terríveis do que aqueles que se
passaram, mas sinto algo estranho no ar. É a tentativa de transmudar a
realidade por meio do discurso. Hoje, por exemplo, quer-se impor a obrigação de
aceitar homem no banheiro feminino. Bom, mas o fulano tem um peru, e não uma
quequeca! E não interessa como faça sexo. Ele tem peru! E quem tem peru é
homem, quer sinta coceirinha aqui ou acolá.
Por que então as pessoas aceitariam no banheiro feminino
alguém com peru?
A realidade não importa mais.
Se o fulano com peru acha que é mulher porque gosta do que as
mulheres habitualmente gostam, ele
tem o direito de frequentar o banheiro feminino.
Só que se esquece que as mulheres gostam do que ele gosta
porque naturalmente são assim.
Há exceções?
Claro que há.
Só que são poucas, porque se muitas fossem, provavelmente nem
eu estaria aqui nem você aí.
O problema todo é que a questão posta nessas porcas e mal
ajambradas palavras tem origem numa maneira de ver a vida, origina-se duma
filosofia. Nem muito nova nem muito antiga. Inicia-se ali no fim do medievo.
Com a ascensão dos filósofos modernos, primeiro se esfacelam
as essências, uma vez que não teríamos acesso a elas, porque só veríamos (e cooptaríamos) as aparências das coisas, para depois se fechar no próprio eu duvidando de tudo o que
esteja fora do eu mesmo.
O que se tem, então?
Uma fábrica de loucos!
Se eu duvido de tudo e não sei se o animal que vejo logo ali
é um gatinho ou um leão, não sei se corro ou acaricio, é claro que estou com um
pé na insanidade e outro na casca de banana.
Mas qualquer homem normal percebe que um gato é um gato e não
um leão, porque sabe que na maior parte do tempo pode confiar naquilo que
extrai do mundo exterior.
E aí é que entra o Estado contemporâneo!
Como nem ao homem-massa os filósofos conseguiram impor tamanhas
maluquices, o Estado tomou para si a função de fazê-lo, obrigando as pessoas a
aceitar a fantasia como realidade, o discurso se sobrepondo ao real.
E eis que daqui a pouco teremos homens nos banheiros
femininos! Pessoas brancas se (auto)declarando negras! Negros e brancos
fantasiados de índios!
Tudo para que fiquemos loucos, com a destruição do que vemos,
ouvimos e sentimos, para que prevaleça o discurso de quem ocupa o Poder.
Ps. Um homem sem peru é um só um homem sem peru, e não uma
mulher.
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