Por que é tão interessante ler Chesterton? Eis a pergunta que
não me saiu da cabeça desde que iniciei O
Homem Eterno. É claro que o autor tem todos os predicados necessários para
fazer com que os leitores rapidamente apaixonem-se por seus textos. Perspicaz
e inocente. Hiperbólico e simples. Características incompatíveis que ele aliava
com muito bom humor ao escrever.
Só que há algo maior. E, ao terminar seu livro, percebi que é
a alegria. Mas não a alegria abobalhada, de quem ri do que não se deve rir. Nem
a alegria irônica, posto seja ele irônico ao analisar os argumentos de seus adversários.
A alegria de Chesterton é a alegria do evangelho. A alegria de quem espera o
que há de vir, esperançoso de que a esperança no Deus vivo sempre prevalecerá,
até que o próprio Deus vivo volte triunfante para colher aqueles que o esperam.
E por que resolvi escrever sobre a alegria de quem confia, a
alegria de quem tem fé?
Eu o fiz porque nós precisamos dessa alegria, uma vez que
passamos talvez por um dos momentos mais tristes da existência da Igreja –
aquela que haveria de ser o manancial da nossa esperança, a fonte da nossa fé.
Claro que já enfrentamos períodos nebulosos. O arianismo. O
nominalismo. O racionalismo. E eis o que interessa: todos esses movimentos
contrários à fé passaram. Hoje fazem parte da história, a despeito de cada um deles encontrar eco dentro da Igreja ao seu tempo, a despeito de todos eles
praticamente esvaziarem a Igreja da fé apostólica, sintetizada no Credo.
Só que a Igreja, e quem o diz não é só Chesterton, é a esposa
de Cristo. E, tal qual seu esposo, ressuscitará, porque Cristo prometeu que as
portas do inferno não prevalecerão. Todo mal passará. Restarão aqueles alegres e esperançosos com coragem de bradar: non possumus!
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