terça-feira, 1 de maio de 2012

Gran Torino

Fazia muito tempo que gostaria de escrever algo sobre o filme de Eastwood de 2008. No entanto, nunca me dei ao trabalho de fazê-lo, talvez porque me sentisse um pouco despreparado para a crítica de cinema.

Resolvi escrever agora, passados quase quatro anos de sua estreia.

No filme, a personagem principal, interpretada pelo próprio Eastwood, é o polaco Walter “Walt” Kowalski. Sinceramente não me lembro se ele descendia de polacos ou se era um que se havia naturalizado. Isso pouco interessa. Importa que ele havia lutado com o uniforme americano na Guerra da Coréia e se sentia imbuído daquele espírito que construiu os EUA: aquele amor pelos valores (liberdade e propriedade) que foram assumidos por quase todos os imigrantes que adotaram os EUA como pátria, aquelas ideias que fizeram dos EUA a terra dos homens livres.

E como um amante dos EUA que vê seu país decair dia após dia, graças à derrocada dos valores que construíram uma sociedade tão viçosa, Walt não vê com bons olhos os imigrantes orientais que hoje moram ao lado de sua casa. E me parece que não os vê com bons olhos não por preconceito bobo, por um nacionalismo bocó, mas porque os imigrantes orientais, por força de suas herméticas culturas, dificilmente assimilam os valores das sociedades ocidentais das quais passam a fazer parte.

Só que as coisas mudam. Por um infortúnio, Walt passa a conviver com o filho dos imigrantes orientais seus vizinhos. E, nessa convivência, tenta transferir ao menino aqueles valores, aquelas ideias com as quais homens de diversas origens, de culturas e religiões tão diferentes (ingleses e alemães protestantes, irlandeses e italianos católicos) fizeram dos EUA o que o país é.

E, depois de algumas experiências ruins, relacionadas à gangue liderada pelo primo de seu tutelado oriental, Walt começa a se apegar ao garoto, ajudando-o a arrumar emprego, a se portar com a virilidade necessária para enfrentar a vida (coisa tão fora de moda, como se percebe com uma só olhada nos jovens amorfos e bobos dos dias atuais).

Só que a gangue do primo do seu tutelado não os deixa em paz. Atormenta-os a ponto de obrigar Walt a tomar uma atitude drástica: dar a vida para que seu novo amiguinho oriental possa viver tranquilamente a dele.

E é aqui que entra o que me parece a melhor sacada do filme: tal qual o judeu que, ao ser apresentado a Jesus, espontaneamente indaga se de Nazaré poderia vir algo de bom, e depois se converte à seita dos galileus de tal modo que seria capaz de dar a vida por seus amigos, Walt dá a vida por aqueles que rejeitou no princípio.

Mas por que Walt faz isso? Por que Walt morre para ajudar seu vizinho oriental? Ao que parece, porque o menino havia assumido os valores americanos, vindo a trabalhar duro na construção civil para fazer a vida na América, representando os bons homens de outrora, enquanto os bandidinhos, sempre protegidos pelos socialistas de Paris, eram o retrato desses dejetos humanos que preferem viver na marginalidade a portar-se com a virilidade necessária para enfrentar a vida tal qual ela é.

Em síntese: o filme de Eastwood trata de homens, seus valores, suas ideias, a sociedade com a qual sonham, e da oposição que há entre homens e esses rapazolas efeminados de hoje em dia, que preferem viver na marginalidade a ter de trabalhar.

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